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Síndrome do Intestino Irritável (SII): o que você precisa saber
No Portal Drauzio Varella você encontra explicações claras sobre a Síndrome do Intestino Irritável (SII): possíveis causas, diagnóstico, sintomas, tratamentos, alimentos a evitar, dicas para reduzir crises e a relação com câncer colorretal. Texto direto e prático para você cuidar melhor do seu intestino.
- Distúrbio funcional do intestino com dor, desconforto, diarreia e prisão de ventre.
- Diagnóstico clínico baseado em sintomas e exames para excluir outras doenças.
- Evitar cafeína, álcool, comidas gordurosas e alimentos que causam gases.
- Tratamento: dieta, mudanças no estilo de vida e remédios nas crises.
- A SII não evolui para câncer colorretal nem causa lesões permanentes no intestino.
Como a SII costuma aparecer no dia a dia
Pode surgir de forma intermitente: dor ou desconforto abdominal que às vezes vem com diarreia e outras vezes com prisão de ventre. Os sintomas costumam ocorrer por pelo menos 12 semanas ao longo do ano. Não há lesão visível — o problema é da função intestinal.
Sintomas que você não deve ignorar
Você pode ter um ou vários destes sinais:
- Dor abdominal ou desconforto que melhora após evacuar.
- Diarreia frequente e com urgência.
- Prisão de ventre (fezes duras, esforço para evacuar).
- Alternância entre diarreia e prisão de ventre.
- Inchaço e gases constantes.
- Sensação de evacuação incompleta.
- Muco nas fezes, às vezes.
Procure médico se houver sangue nas fezes, perda de peso inexplicada, febre persistente ou piora rápida dos sintomas — esses podem indicar outra doença.
Por que isso acontece? (causas)
A causa exata não é totalmente conhecida. Fatores que costumam estar presentes:
- Alteração na motilidade intestinal: contrações exageradas ou insuficientes.
- Hipossensibilidade/hipersensibilidade visceral: maior percepção de dor.
- Conexão cérebro‑intestino: estresse e emoções influenciam o intestino.
- Microbiota intestinal: alterações nas bactérias intestinais.
- Alimentos e intolerâncias: gatilhos alimentares.
- Infecções prévias: gastroenterite pode deixar o intestino mais sensível.
Em geral, é a combinação desses fatores que altera como o intestino funciona.
Como é feito o diagnóstico
O diagnóstico é clínico: baseia‑se nos sintomas e na exclusão de outras doenças. Passos comuns:
- História clínica detalhada (padrão das fezes, tempo dos sintomas, antecedentes familiares).
- Exame físico.
- Exames de sangue e fezes para excluir infecções, inflamação e doença celíaca.
- Colonoscopia quando há sinais de alarme (sangue, perda de peso, início após 50 anos).
- Uso dos Critérios de Roma (dor abdominal associada a alteração do hábito intestinal por semanas).
O objetivo é confirmar a SII e descartar doenças graves.
Alimentos a evitar
Alguns alimentos costumam piorar os sintomas. Avalie e, se necessário, evite:
- Cafeína (café, alguns chás, refrigerantes).
- Álcool.
- Comidas gordurosas (frituras, molhos cremosos).
- Alimentos muito picantes.
- Leite e derivados (se houver intolerância à lactose).
- Leguminosas (feijão, grão‑de‑bico, lentilha) — aumentam gases.
- Vegetais que soltam muito gás: brócolis, couve‑flor, repolho.
- Frutas ricas em frutose ou sorbitol: maçã, pera, manga.
- Alimentos ricos em FODMAPs: cebola, alho, trigo em excesso, certos tipos de frutas e adoçantes artificiais (sorbitol, manitol, xilitol).
Nem tudo precisa ser proibido para sempre. A dieta low‑FODMAP por algumas semanas pode ajudar a identificar desencadeantes.
O que você pode comer com segurança (sugestões)
- Fibras solúveis: aveia, chia, linhaça, maçã sem casca (em pequenas quantidades).
- Arroz branco e batata cozida.
- Carnes magras e peixes grelhados.
- Legumes cozidos: cenoura, abóbora, abobrinha.
- Iogurte com probiótico (se tolerar leite).
- Água em quantidade adequada.
Regra prática: faça mudanças graduais — não transforme tudo de uma vez.
Tratamentos para discutir com seu médico
O objetivo é reduzir sintomas e melhorar a qualidade de vida. Opções:
- Mudanças na dieta: reduzir gordura e gatilhos; dieta low‑FODMAP quando indicada.
- Aumentar fibras solúveis gradualmente (se houver prisão de ventre).
- Antiespasmódicos para dor e cólica.
- Medicações para diarreia quando necessário.
- Laxantes osmóticos para prisão de ventre, com orientação médica.
- Probióticos: podem ajudar em alguns casos (teste orientado).
- Antidepressivos em doses baixas para dor e modulação da conexão cérebro‑intestino.
- Terapias psicológicas: TCC, técnicas de relaxamento e manejo do estresse.
- Exercício regular: melhora o trânsito intestinal e reduz ansiedade.
Nem todo tratamento é indicado para todas as pessoas — personalize com seu médico.
Recomendações práticas para o dia a dia
- Faça refeições regulares e em porções moderadas.
- Mastigue devagar (comer rápido aumenta gases).
- Beba bastante água.
- Não pule refeições.
- Evite fumar; reduza álcool e cafeína.
- Pratique atividade física pelo menos 3 vezes por semana (30 minutos).
- Durma bem.
- Aprenda técnicas de relaxamento: respiração, meditação.
- Mantenha um diário alimentar para identificar gatilhos.
- Busque apoio emocional — o estresse piora sintomas.
Pequenas mudanças podem fazer grande diferença.
Perguntas frequentes
- A SII pode virar câncer colorretal?
Não. A SII não aumenta o risco de câncer colorretal nem causa lesões que evoluem para câncer. Procure avaliação se houver sangue nas fezes, perda de peso ou febre.
- Quais alimentos devo evitar imediatamente?
Comece por cafeína, álcool, frituras e comidas gordurosas e por alimentos que você já percebe como gatilhos. Considere a dieta low‑FODMAP com orientação profissional.
- A SII tem cura?
Não há cura universal. É possível controlar os sintomas por longos períodos, mas eles podem voltar em fases de estresse ou após exposição a gatilhos.
- Probióticos ajudam?
Podem ajudar algumas pessoas. Existem cepas específicas com benefício; teste por algumas semanas sob orientação.
- E se tiver muita dor?
Procure atendimento médico para ajuste de medicação ou novas investigações. Não se automedique.
- Quando fazer colonoscopia?
Indica‑se se houver sangue nas fezes, perda de peso inexplicada, início dos sintomas após 50 anos, mudança rápida/intensa no padrão dos sintomas ou suspeita de outra doença.
Plano prático de 30 dias (passo a passo)
Semana 1 — Observação
- Anote tudo que come e seus sintomas.
- Evite álcool e muito café.
- Beba mais água.
- Caminhe 30 minutos, 4 vezes na semana.
Semana 2 — Eliminar gatilhos óbvios
- Retire frituras, comidas muito gordurosas e pratos muito condimentados.
- Introduza fibras solúveis (aveia, chia).
- Continue o diário alimentar.
Semana 3 — Teste baixo FODMAP (se possível com profissional)
- Reduza alho, cebola, maçã, pera, leite e adoçantes artificiais.
- Observe melhora em 2–4 semanas.
Semana 4 — Ajuste e estabilização
- Reintroduza um alimento por vez para identificar gatilhos.
- Mantenha o que funcionou; se piorar, marque consulta.
Este é um guia — consulte um profissional para orientações específicas.
Tabela rápida — O que evitar vs. O que tentar
Evitar (se agravarem seus sintomas) | Tentar (mais bem tolerados) |
---|---|
Café e bebidas com cafeína | Chá de ervas sem cafeína, água |
Álcool | Água, sucos diluídos em pequenas quantidades |
Frituras e comidas gordurosas | Carnes magras grelhadas, peixe |
Alimentos ricos em FODMAPs (alho, cebola, maçã, pera, trigo em excesso, leite) | Arroz, batata, cenoura, abobrinha, aveia |
Adoçantes artificiais (sorbitol, manitol, xilitol) | Mel em moderação (se tolerar), açúcar simples em pequenas quantidades |
Leguminosas mal cozidas | Leguminosas bem cozidas ou em pequenas porções, se toleradas |
Use como ponto de partida: cada pessoa reage de forma diferente.
Como falar com seu médico — seja claro
Leve seu diário alimentar e informe:
- Há quanto tempo os sintomas existem.
- O que melhora e o que piora.
- Presença de sangue ou perda de peso.
- Medicamentos em uso.
- Nível de estresse e qualidade do sono.
Quanto mais claro você for, melhor a orientação.
Quando procurar ajuda urgente
Procure atendimento imediato se ocorrer:
- Sangue nas fezes.
- Dor abdominal muito intensa e súbita.
- Perda de peso rápida sem explicação.
- Febre alta com sintomas intestinais.
- Vômitos persistentes e sinais de desidratação.
Esses sinais exigem investigação urgente.
Conclusão
A SII é um problema de função intestinal — não uma lesão — e o foco é o controle dos sintomas. Principais pontos: sintomas variados (dor, diarreia, prisão de ventre, gases), diagnóstico clínico para excluir outras doenças, e tratamento que combina dieta, hábitos, remédios e terapia quando necessário. Pequenas mudanças (diário alimentar, plano de 30 dias, dieta low‑FODMAP quando indicada e redução do estresse) ajudam muito.
Você não precisa enfrentar isso sozinho. Com informação, paciência e acompanhamento profissional é possível recuperar conforto e qualidade de vida.
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