Você pode conviver bem com doença inflamatória intestinal saiba o que fazer

Ouça este artigo

Neste texto você vai entender o que é a Doença Inflamatória Intestinal (DII) — incluindo Doença de Crohn e Retocolite Ulcerativa — por que surgem, quais os principais sintomas, como é feito o diagnóstico e quais as opções de tratamento. Também explico o papel da microbiota e da genética, quando procurar um gastroenterologista ou proctologista e como manter a qualidade de vida mesmo com a condição.

  • A DII é crônica e tem componente autoimune, causando inflamação no trato intestinal.
  • A Doença de Crohn pode afetar qualquer segmento do tubo digestivo e todas as camadas da parede intestinal.
  • A Retocolite Ulcerativa atinge principalmente o cólon e o reto, afetando a mucosa (camada interna).
  • Causas são multifatoriais: predisposição genética, desbalanço da microbiota e fatores ambientais.
  • Não há cura garantida para todos; o tratamento é contínuo e multidisciplinar; em alguns casos, há indicação cirúrgica.

Doença inflamatória intestinal: o que você precisa saber

Você já ouviu falar em DII? É um grupo de doenças que provoca inflamação crônica do intestino, com reação exagerada do sistema imune. As duas formas mais comuns são Doença de Crohn e Retocolite Ulcerativa. Abaixo, explico de forma direta e prática.

O que é exatamente a DII?

A DII provoca inflamação persistente no intestino e tem caráter autoimune. Não é uma única doença: as formas mais frequentes são:

  • Doença de Crohn
  • Retocolite Ulcerativa

Por que as doenças surgem?

A causa exata é desconhecida, mas há interação de vários fatores:

  • Genética: histórico familiar aumenta o risco.
  • Microbiota intestinal (disbiose): desequilíbrio bacteriano, potencialmente agravado por ultraprocessados e aditivos.
  • Resposta imune desregulada: reação exagerada a gatilhos intestinais.
  • Fatores ambientais: tabagismo (impactos diferentes nas duas doenças), medicamentos, estilo de vida e estresse.

Pense como a necessidade de várias “peças” juntas para a doença se manifestar.

Idade de aparecimento

  • Pico entre 15–30 anos (final da adolescência e início da vida adulta).
  • Segundo pico a partir dos 50 anos.
    Mas pode surgir em qualquer idade.

Diferenças entre Crohn e Retocolite (resumo)

Característica Doença de Crohn Retocolite Ulcerativa
Localização Qualquer parte do trato digestivo Cólon e reto
Camada afetada Transmural (todas as camadas) Mucosa (interna)
Padrão das lesões Segmentadas (áreas saudáveis entre lesões) Contínuas
Complicações comuns Estenose, fístulas, perfuração Sangramento intenso, megacólon
Cirurgia Trata complicações; não cura Em muitos casos, remoção do cólon pode ser curativa

Sintomas principais

Os sinais variam, mas os mais comuns são:

  • Dor abdominal persistente (intermitente).
  • Diarreia crônica.
  • Sangue nas fezes (mais frequente na retocolite).
  • Perda de peso sem explicação.
  • Fadiga e febre baixa.
VEJA  Saúde da pele em idosos com doenças crônicas importantes

Manifestações extraintestinais: articulações, pele, olhos. Se sintomas persistirem por semanas, procure avaliação médica.

Que médico procurar?

Procure um gastroenterologista ou proctologista. Pode ser necessário atendimento multidisciplinar:

  • Nutricionista
  • Psicólogo/psiquiatra
  • Cirurgião
  • Reumatologista, dermatologista, oftalmologista (se houver sinais fora do intestino)

Como é feito o diagnóstico

O diagnóstico combina história clínica, exame físico e exames complementares:

  • Exames de sangue (inflamação e anemia).
  • Exames de fezes (excluir infecções).
  • Calprotectina fecal (marca inflamatória intestinal).
  • Colonoscopia com biópsias.
  • Endoscopia do intestino delgado, enterografia por ressonância/TC para áreas que a colonoscopia não alcança.
  • Cápsula endoscópica em casos selecionados.
  • Imagem (ultrassom, ressonância) para abscessos e fístulas.

O médico seleciona os exames necessários conforme o caso.

Tratamento: o que esperar

Objetivos: controlar a inflamação, aliviar sintomas e preservar qualidade de vida. Opções principais:

  • Aminossalicilatos (mesalazina, sulfassalazina) — frequentemente na retocolite.
  • Corticóides — eficazes para crises, não recomendados a longo prazo.
  • Imunossupressores (azatioprina, metotrexato) — reduzem resposta imune.
  • Biológicos (imunobiológicos) — bloqueiam alvos específicos do sistema imune.
  • Antibióticos — quando há infecção ou abscesso.
  • Cirurgia — para complicações; na retocolite pode ser curativa em alguns casos.
  • Apoio nutricional e psicológico.

Muitos tratamentos são contínuos e podem ter custo elevado; no Brasil parte dos medicamentos está disponível via SUS com critérios.

O que fazer no dia a dia

  • Acompanhe regularmente com seu médico.
  • Mantenha dieta equilibrada; reduza ultraprocessados. Consulte um nutricionista.
  • Evite tabaco (piora na Crohn).
  • Gerencie o estresse (terapia, exercícios, técnicas de respiração).
  • Vacine-se conforme orientação médica (alguns tratamentos imunossupressores alteram a resposta imune).
  • Tenha um plano para crises (medicação de emergência e contatos médicos).
  • Procure atendimento imediato para dor intensa, febre alta, vômitos persistentes ou sangramento abundante.

Complicações a vigiar

  • Obstrução intestinal (estenose)
  • Fístulas e abscessos
  • Sangramento intenso
  • Desnutrição por má absorção
  • Risco aumentado de câncer colorretal em inflamação de longa duração — rastreamento é essencial

Como conviver bem com DII

Com acompanhamento, conhecimento e equipe multidisciplinar é possível ter boa qualidade de vida. Conheça seus sinais de alerta, mantenha rotina de exames, ajuste alimentação e cuide da saúde mental. Seja ativo nas decisões sobre seu tratamento.

Perguntas úteis para levar ao médico

  • Qual é meu diagnóstico preciso?
  • Quais exames são necessários agora?
  • Qual é o objetivo do tratamento?
  • Quais efeitos colaterais devo observar?
  • Como vou saber se o tratamento funciona?
  • Quando devo procurar urgência?
  • Há grupos de apoio ou programas educacionais disponíveis?
VEJA  Ansiedade somática: como identificar

Fatos rápidos

  • DII = inflamação crônica do intestino.
  • Formas comuns: Doença de Crohn e Retocolite Ulcerativa.
  • Origem multifatorial: genética microbiota fatores ambientais.
  • Sintomas frequentes: dor abdominal, diarreia, sangue nas fezes.
  • Diagnóstico exige exames e especialista.
  • Tratamento controla a doença; muitas vezes é de longo prazo.
  • Equipe multidisciplinar melhora prognóstico.

Mitos e verdades

  • Mito: “DII é sempre causada por má alimentação.”
    Verdade: a dieta influencia, mas não é a única causa; há genes e resposta imune.
  • Mito: “Quem tem DII deve evitar todo exercício.”
    Verdade: atividade moderada é benéfica; adapte conforme os sintomas.
  • Mito: “Cirurgia cura sempre.”
    Verdade: na retocolite a colectomia pode ser curativa em muitos casos; na Crohn, a cirurgia trata complicações, mas não cura definitivamente.

Cenários possíveis

  • Tratada cedo: alta chance de controlar inflamação e longos períodos de remissão.
  • Procura tardia: maior risco de complicações e cirurgia.
  • Uso de biológicos: muitos pacientes apresentam melhora significativa.
  • Crise intensa (febre, dor forte, vômito, sangramento): procurar pronto atendimento.

Exemplo prático (história real, sem nomes)

Aos 25 anos alguém com diarreia frequente, dor abdominal e perda de peso busca médico. Exames (sangue, calprotectina, colonoscopia) confirmam DII. Inicia-se anti-inflamatório e, após controle, imunossupressor. Com nutrição e apoio psicológico, volta à rotina e enfrenta recaídas pontuais com suporte adequado.

Conclusão

A Doença Inflamatória Intestinal (DII) — incluindo Doença de Crohn e Retocolite Ulcerativa — é crônica e multifatorial. Não é culpa sua. O manejo eficaz envolve diagnóstico correto (exames e colonoscopia), tratamento para controlar inflamação (medicamentos, biológicos, cirurgia quando necessário), apoio nutricional e psicológico e acompanhamento por equipe multidisciplinar. Com informação e suporte, é possível viver bem, trabalhar, viajar e manter planos.

Quer continuar aprendendo? Confira mais artigos e dicas em https://jornalsaudebemestar.com.br.

Perguntas frequentes

  • Posso levar uma vida normal com DII?
    Sim — com tratamento e acompanhamento muitos vivem bem, com longos períodos de remissão.
  • Quais sintomas me fazem procurar um médico agora?
    Dor abdominal forte, diarreia persistente, sangue nas fezes, febre ou perda de peso. Procure atendimento rápido.
  • Como é tratado esse problema?
    Combinando anti-inflamatórios, imunossupressores, biológicos e, em casos necessários, corticoides de curto prazo ou cirurgia.
  • A alimentação pode ajudar a controlar os sintomas?
    Sim. Reduzir ultraprocessados e adotar dieta personalizada com um nutricionista ajuda a controlar sintomas.
  • Que profissionais devo procurar além do gastroenterologista?
    Proctologista, nutricionista, psicólogo, cirurgião e outros especialistas conforme manifestações extraintestinais.

Veja também

Criança com alimentação saudável e cuidados com o colesterol

Crianças com exames altos de colesterol: o alerta que muitos pais...

Receber um exame mostrando colesterol alto em crianças assusta. E com razão. Muita gente ainda acredita que colesterol é um problema exclusivo de adultos,...
Nutrição
4
minutes
Fígado saudável e consumo consciente de álcool

Saúde do fígado para quem bebe socialmente: o que você precisa...

Você bebe socialmente. Só em encontros, festas ou momentos especiais. E talvez pense que isso não oferece risco algum. Mas será que o fígado...
Saúde
3
minutes
sinais discretos de doenças autoimunes silenciosas

Doenças autoimunes silenciosas: sinais que ignoramos

Você sente que algo não está bem, mas não consegue explicar exatamente o quê? Cansaço constante, dores vagas, mudanças no corpo que vão e...
Saúde
3
minutes
vitamina D no inverno e exposição ao sol

Suplementação de vitamina D no inverno: é necessária?

Quando o inverno chega, os dias ficam mais curtos, o sol aparece menos e muita gente começa a se perguntar: será que estou com...
Nutrição
3
minutes
spot_imgspot_img
Jornal Saúde Bem-estar
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.