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Trombose venosa: como reconhecer, tratar e prevenir
Se você sente peso nas pernas, inchaço ou dor ao final do dia, preste atenção. Aqui você vai entender o que é trombose venosa (especialmente a trombose venosa profunda — TVP), como ela se forma, fatores de risco, diferenças entre TVP e trombose superficial, principais sintomas, possíveis complicações, diagnóstico, tratamento e medidas de prevenção.
Principais pontos:
- Dor, inchaço, sensação de peso, calor e vermelhidão na perna.
- Idade, obesidade, imobilidade, cirurgia, câncer e hormônios aumentam o risco.
- TVP atinge veias profundas e pode causar embolia pulmonar; a superficial costuma formar um cordão dolorido sob a pele.
- Sem tratamento o coágulo pode ir para os pulmões ou causar síndrome pós-trombótica.
- Procure médico: ultrassom Doppler e D‑dímero ajudam no diagnóstico; anticoagulantes são o tratamento principal.
O que é trombose venosa?
A trombose venosa é a formação de um coágulo (trombo) dentro de uma veia.
- Quando o trombo está nas veias profundas (perna, pelve ou braço) chama-se trombose venosa profunda (TVP).
- Se ocorre em veias próximas à pele, é tromboflebite superficial.
O maior risco é o trombo se desprender e causar embolia pulmonar, que pode ser grave ou fatal.
Como a trombose se forma (explicação simples)
A formação do trombo costuma seguir a chamada tríade de Virchow:
- Fluxo sanguíneo lento — ex.: ficar muito tempo parado.
- Lesão na parede da veia — cirurgia, trauma, cateter.
- Maior tendência ao coagular — doenças, medicamentos ou trombofilias hereditárias.
O trombo pode permanecer no local, bloquear a veia, ou se soltar e virar um êmbolo que atinge o pulmão.
Quem tem mais risco
Você tem mais chance de trombose se tiver:
- Idade (risco aumenta após os 40 anos).
- Obesidade.
- Imobilidade (voos longos, repouso prolongado).
- Cirurgias recentes (principalmente ortopédicas).
- Câncer ou tratamentos anticâncer.
- Gravidez e pós‑parto.
- Uso de hormônios (pílula, reposição).
- Histórico pessoal ou familiar de trombose ou trombofilias.
- Tabagismo e consumo excessivo de álcool.
- Certas doenças crônicas (insuficiência cardíaca, inflamação sistêmica).
TVP x trombose superficial — comparativo
Aspecto | Trombose Venosa Profunda (TVP) | Trombose Venosa Superficial |
---|---|---|
Veias afetadas | Veias profundas (panturrilha, coxa, pelve) | Veias superficiais (próximas à pele) |
Risco pulmonar | Alto (pode causar embolia) | Baixo (raramente embolia) |
Sintomas | Inchaço, dor profunda, sensação de peso | Cordão duro, dolorido, vermelhidão local |
Gravidade | Mais grave | Geralmente menos grave |
Diagnóstico | Ultrassom Doppler, D‑dímero | Exame clínico ultrassom |
Tratamento | Anticoagulantes, às vezes procedimentos | Anti‑inflamatórios, compressão, às vezes anticoagulação |
Sinais e sintomas que você deve observar
Nem sempre a TVP dói intensamente. Fique atento a:
- Inchaço súbito em uma perna (ou braço).
- Dor ou desconforto, às vezes como cãibra.
- Sensação de peso na perna.
- Vermelhidão e calor na área afetada.
- Veias visíveis ou endurecidas (mais comum na superficial).
- Tensão na panturrilha.
- Em alguns casos assintomática — por isso a atenção aos fatores de risco.
Sinais de embolia pulmonar (procure emergência):
- Falta de ar súbita.
- Dor no peito que piora ao respirar.
- Tosse com sangue.
- Tontura, desmaio ou palpitações fortes.
O que pode acontecer sem tratamento
- Embolia pulmonar — complicação mais perigosa.
- Síndrome pós‑trombótica — dor crônica, inchaço, alterações de pele e úlceras por dano às válvulas venosas.
- Insuficiência venosa crônica.
Tratar cedo reduz muito o risco de sequelas.
Como é feito o diagnóstico
O médico combinará história clínica e exames:
- Exame físico comparando pernas.
- Ultrassom Doppler venoso — principal exame para TVP.
- D‑dímero (sangue) — valor alto sugere coágulo; valor baixo ajuda a excluir em baixa probabilidade.
- Angio‑TC (tomografia) — quando há suspeita de embolia pulmonar.
- Angiografia venosa — raramente, em casos específicos.
- Exames de coagulação para investigar trombofilias em casos indicados.
Tratamento: o que esperar
Objetivos: impedir crescimento do trombo, evitar êmbolos e reduzir sequelas.
Opções:
- Anticoagulantes — principal tratamento; evitam evolução do coágulo e permitem reabsorção gradual. Tipos: heparina (inicial), anticoagulantes orais diretos, varfarina (em casos específicos).
- Trombólise — dissolução do coágulo em casos selecionados (maior risco de sangramento).
- Trombectomia — remoção por procedimento em situações especiais.
- Filtro de veia cava — para pacientes que não podem usar anticoagulantes.
- Meias de compressão — reduzem inchaço e risco de síndrome pós‑trombótica.
- Cuidados gerais: controle de peso, parar de fumar, movimentar‑se e hidratar‑se.
Duração da anticoagulação depende da causa: em geral ~3 meses se fator temporário; pode ser mais longa em trombose espontânea ou fatores permanentes.
Medidas práticas em casa
- Elevar a perna para reduzir inchaço.
- Usar meia de compressão quando indicada.
- Evitar ficar imóvel por horas; movimente‑se com frequência.
- Em viagens longas, levantar e caminhar a cada 1–2 horas, fazer exercícios de pernas.
- Beber água regularmente.
- Informar o médico sobre todos os medicamentos e suplementos.
Prevenção — o que você pode fazer
- Mexa‑se sempre que estiver sentado por muito tempo.
- Pratique atividade física regular.
- Controle o peso e não fume.
- Hidrate‑se bem.
- Use meias de compressão em situações de risco (viagem longa, pós‑operatório).
- Converse com o médico sobre uso de anticoncepcionais ou terapia hormonal se tiver fatores de risco.
- Em cirurgia, siga orientações para prevenção (muitos recebem anticoagulação profilática).
Quando procurar ajuda imediatamente
Vá à emergência se tiver:
- Falta de ar súbita.
- Dor forte no peito.
- Tontura ou desmaio.
- Tosse com sangue.
- Inchaço súbito, doloroso e quente em uma perna.
Para sinais leves nas pernas, agende consulta com seu médico sem demora.
Especialidades que cuidam disso
- Angiologia e cirurgia vascular
- Hematologia (investigação de coagulação)
- Emergência (suspeita de embolia)
- Clínico geral ou cardiologista
Mitos e verdades rápidos
- Mito: Trombose só dá em idosos. — Falso. Jovens também podem ter.
- Mito: Se não dói, não é trombose. — Falso. Pode ser silenciosa.
- Verdade: Ficar muito tempo parado aumenta o risco.
- Mito: Qualquer calor na perna é trombose. — Nem sempre; infecções e outras causas também provocam calor.
- Verdade: Anticoagulante não dissolve o trombo de imediato; impede crescimento e ajuda reabsorção.
Como interpretar os exames (simples)
- Ultrassom Doppler: presença de trombo confirma TVP; exame normal com baixa probabilidade geralmente exclui.
- D‑dímero: baixo ajuda a excluir; alto não confirma sozinho.
- Angio‑TC: usado para diagnosticar embolia pulmonar; resultado positivo exige ação rápida.
Casos especiais
- Gravidez: tratamento diferente; anticoagulantes orais geralmente não são indicados.
- Câncer: risco maior; manejo ajustado por equipe especializada.
- Pós‑operatório: profilaxia é comum para reduzir risco.
Resumo prático
- Se sentir inchaço, dor ou peso na perna, considere trombose.
- Falta de ar ou dor no peito = procurar emergência.
- Ultrassom Doppler e D‑dímero ajudam no diagnóstico.
- Tratamento principal: anticoagulação.
- Prevenção: movimente‑se, hidrate‑se, controle peso e siga orientações médicas.
Conclusão
Não ignore sintomas nas pernas. Pode ser cansaço — ou pode ser trombose venosa. Avaliação médica com ultrassom Doppler e D‑dímero é importante. Tratamento precoce com anticoagulantes e medidas simples reduzem muito o risco de embolia pulmonar e sequelas. Mexa‑se, hidrate‑se e cuide do seu peso. Pequenas mudanças evitam grandes problemas.
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Perguntas frequentes
Q: Quais são os sinais mais comuns de trombose venosa?
A: Dor ou peso na perna (especialmente panturrilha), inchaço unilateral, vermelhidão, calor e veia endurecida.
Q: O que é trombose venosa e como ela se forma?
A: É um coágulo que bloqueia a veia. Forma‑se por fluxo lento do sangue, lesão venosa ou maior tendência à coagulação.
Q: Quais fatores aumentam o risco de trombose?
A: Idade >40, obesidade, cirurgias, longos períodos parado, câncer, uso de hormônios, tabagismo e histórico familiar.
Q: Como diferenciar TVP da trombose superficial?
A: TVP: dor profunda, inchaço significativo e risco de embolia. Superficial: cordão duro e dolorido sob a pele, menor risco sistêmico.
Q: O que fazer se suspeitar de trombose?
A: Procure avaliação médica urgentemente. Exames comuns: ultrassom Doppler, D‑dímero e, se indicado, tomografia. Tratamento geralmente com anticoagulantes.