Melatonina: sinalizador do sono — não um remédio para insônia
Se você tem dificuldade para dormir, este texto é para você. Vamos explicar como a melatonina funciona, por que é um sinalizador do sono e não um remédio para insônia, quem pode se beneficiar, riscos da automedicação e como estimular sua própria produção do hormônio. Leia antes de comprar o suplemento e consulte um especialista.
Resumo rápido
- Melatonina regula o ritmo do sono, mas não trata insônia crônica.
- A venda como suplemento foi liberada, exigindo cautela médica.
- Indicações comprovadas são poucas e específicas (turnos, jet lag, idosos selecionados).
- Uso indevido pode causar efeitos colaterais e interagir com medicamentos.
- Higiene do sono e exposição à luz ajudam a estimular a melatonina natural.
O que você precisa saber sobre a melatonina
A melatonina virou produto à venda em farmácias no Brasil, e muita gente usa sem orientação. Antes de comprar, entenda o que é, como funciona e quando pode — ou não — ajudar.
Por que a melatonina está nas prateleiras?
Em outubro de 2021 a Anvisa liberou a melatonina como suplemento alimentar. Está disponível sem receita para adultos a partir de 19 anos e com um teto de dose diária aprovada (aproximadamente 0,21 mg). Isso não significa que tomar sem orientação seja totalmente seguro.
A realidade do sono no Brasil
Muita gente relata piora do sono, especialmente em períodos de estresse e isolamento. Dois fatores comuns que atrapalham a produção natural de melatonina são preocupação constante e exposição prolongada a telas — ambos desajustam o relógio biológico.
Como a melatonina age no corpo
A melatonina é um hormônio produzido pela glândula pineal. Ela aumenta com a escuridão e sinaliza ao corpo que é hora de se preparar para dormir — por isso é um sinal, não uma pílula que apaga sua consciência. Com a luz do dia a melatonina cai, ajudando você a despertar. Em alguns casos de alteração do ritmo circadiano a reposição pode ser indicada por um médico.
Para quem a suplementação pode fazer sentido
A suplementação tem indicações específicas e bem estudadas, por exemplo:
- Distúrbios do ritmo circadiano (trabalhadores em turnos, jet lag intenso).
- Idosos com redução comprovada da produção natural e alteração do sono.
Em geral, a melatonina costuma ser indicada apenas após avaliação médica.
Por que a melatonina NÃO é um remédio para insônia
A melatonina não trata as causas da insônia (hábitos, ansiedade, depressão, condições médicas). Usá-la isoladamente pode mascarar problemas e atrasar tratamentos eficazes, como a terapia cognitivo-comportamental para insônia (TCC-I).
Riscos de automedicação
Tomar melatonina sem orientação pode causar efeitos colaterais, especialmente em doses altas:
- Sonolência diurna
- Tontura e dor de cabeça
- Náusea, cólica e tremores
- Alterações de humor (piora da depressão ou ansiedade)
- Aumento da pressão arterial em algumas pessoas
- Sonhos vívidos, coceira e sudorese noturna
A melatonina também pode interagir com medicamentos — anticoagulantes, anticonvulsivantes, anticoncepcionais, antidepressivos e remédios para pressão são exemplos que exigem cuidado.
Interações e contraindicações — atenção se isso é com você
Evite tomar melatonina sem orientação se você é:
- Grávida ou amamentando
- Criança ou adolescente (liberação é só para adultos)
- Trabalhador em atividades que exigem atenção (dirigir, operar máquinas)
- Usuário de medicamentos que possam interagir com a melatonina
Em casos raros, a combinação com certos remédios pode piorar condições como depressão. Consulte um profissional antes de iniciar.
Dose aprovada e limites científicos
A liberação regulatória definiu uma dose diária máxima próxima ao que o corpo produz (≈ 0,21 mg). Ainda faltam estudos sobre absorção, biodisponibilidade e diferenças entre formas (oral, sublingual). Uma dose permitida não garante que o suplemento reproduz o efeito natural do hormônio.
Efeitos além do sono
A melatonina atua em várias partes do corpo. Há indícios de que influencia a síntese de insulina e, em doses muito altas, poderia afetar risco metabólico. Pesquisas avaliam seu papel em doenças cardíacas, pulmonares e hepáticas, e em contextos hospitalares (UTI, pós-operatório) há estudos com resultados variados. Usar melatonina para tratar outras doenças é arriscado sem supervisão médica.
Promessas como emagrecimento, prevenção de enxaqueca ou proteção contra Alzheimer ainda não têm comprovação sólida. Melhorar o sono, sim, pode influenciar controle de peso indiretamente.
O que os dados sobre o uso popular mostram
As vendas aumentaram muito em vários países, impulsionadas pela ideia de que suplemento vendido sem receita é totalmente seguro. Essa visão é enganosa: falta orientação pode levar a uso inadequado de um hormônio que age em muitas funções do organismo.
Quando a melatonina pode entrar no tratamento da insônia
Em casos específicos e bem avaliados, a melatonina pode ser adicionada ao plano terapêutico, mas não como tratamento central. O padrão envolve mudanças comportamentais e terapia (TCC-I). A melatonina pode compor o plano em situações selecionadas com acompanhamento médico.
Como estimular a produção natural de melatonina
Seu corpo produz melatonina em resposta à escuridão. A retina detecta luz e regula a glândula pineal: à noite a melatonina sobe; de manhã a luz forte a reduz. Para ajudar a produção natural:
- Evite luz forte à noite; reduza a iluminação no fim do dia.
- Diminua o uso de telas antes de dormir (luz azul atrasa a produção).
- Exponha-se à luz do dia pela manhã (20–30 minutos).
- Mantenha horários regulares de sono e vigília.
- Evite cafeína e álcool à noite.
- Faça refeições leves antes de dormir; pratique atividade física regular, mas sem exercícios intensos perto da hora de deitar.
Seguir essas medidas frequentemente melhora o sono sem necessidade de suplementação.
Passos práticos para cuidar do sono sem automedicação
Roteiro simples:
- Durma e acorde em horários regulares.
- Torne o quarto escuro e silencioso.
- Desconecte telas pelo menos 60 minutos antes de dormir.
- Tome sol pela manhã quando possível (20–30 minutos).
- Evite cochilos longos durante o dia.
- Reduza ou pare de fumar (nicotina atrapalha o sono).
- Busque ajuda profissional para problemas de humor ou estresse.
- Se insônia persistir por semanas apesar das mudanças, consulte um especialista em sono.
Se você já está tomando melatonina
Pergunte-se por que começou — por indicação médica ou por conta própria? Observe efeitos colaterais: sonolência diurna, tontura, alterações de humor ou qualquer sintoma novo. Se ocorrerem, interrompa e procure orientação. Verifique interações se estiver em uso de outros medicamentos.
Conclusão prática
- A melatonina é um hormônio natural que sinaliza que é hora de dormir.
- Foi liberada como suplemento, mas isso não a torna inócua.
- Não é tratamento padrão para insônia; pode mascarar problemas e atrasar tratamentos eficazes.
- Existem efeitos colaterais e interações relevantes.
- Ajustar hábitos (menos luz à noite, mais exposição à manhã, rotina regular) costuma ser mais eficaz para a maioria.
- Consulte um médico antes de iniciar a suplementação.
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Perguntas frequentes
Q: O que é melatonina e como regula o sono?
A: É um hormônio produzido pela glândula pineal. Sobe à noite e sinaliza ao corpo que é hora de dormir — não força o sono.
Q: A melatonina cura insônia?
A: Não. Pode ajudar a iniciar o sono em casos específicos, mas o tratamento da insônia deve ser avaliado por profissional.
Q: Quem pode usar suplementação e qual a dose aprovada?
A: Anvisa liberou como suplemento para maiores de 19 anos. A dose diária máxima aprovada é cerca de 0,21 mg. Gestantes, lactantes e crianças não devem tomar sem orientação.
Q: Quais os riscos da automedicação?
A: Sonolência diurna, tontura, dor de cabeça, náusea, piora de depressão, interações com anticoagulantes, anticonvulsivantes, anticoncepcionais, antidepressivos e anti-hipertensivos. Automedicar pode cronificar problemas de sono.
Q: Como estimular a produção natural de melatonina?
A: Pouca luz à noite, muita luz natural de dia (especialmente pela manhã), evitar telas antes de dormir e manter rotina regular.





