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Você tem diabetes e precisa cuidar bem dos seus pés. Este artigo explica de forma clara o que é o pé diabético, por que aparece e quais são os sinais a que deve estar atento. Mostra o que fazer perante uma ferida, como evitar problemas com prevenção e cuidados, e como escolher sapatos e meias adequados. Fala também sobre tratamento e sobre quando deve procurar a Cirurgia Vascular da Drª Joana Ferreira. Leia com atenção e proteja os seus pés.
- Pé diabético pode causar feridas e infecções graves
- Perda de sensibilidade e má circulação são sinais importantes
- Lave a ferida e procure o médico de imediato
- Controle a diabetes e use sapatos e meias adequados
- Tratamento inclui curativos, antibióticos, cirurgia vascular e, em casos extremos, amputação
Pé diabético: o que você precisa saber agora
Se você tem diabetes (ou cuida de alguém com diabetes), este texto é para você. Vou explicar, em linguagem simples, o que é o pé diabético, como surge, o que observar diariamente e como agir se aparecer uma ferida. Também resumo os tratamentos possíveis e quando procurar um médico especializado.
O que é o pé diabético?
O pé diabético é uma complicação da diabetes causada por alterações nos nervos (neuropatia) e/ou nos vasos sanguíneos (má circulação). Essas alterações podem provocar:
- Perda de sensibilidade (não sentir cortes ou objetos)
- Má circulação (sangue insuficiente no pé)
- Feridas que não cicatrizam
- Infecções que podem evoluir rápido
A Organização Mundial da Saúde define pé diabético como a presença de úlcera, infecção ou destruição tecidual em pessoa com diabetes. Se tem diabetes, os pés merecem atenção diária.
Por que isso acontece?
Principais causas:
- Neuropatia: lesão dos nervos que reduz a sensação e pode causar formigueiro, queimação ou dormência.
- Doença arterial periférica: obstrução das artérias que reduz o fluxo sanguíneo; sem sangue suficiente, uma ferida não cicatriza.
Esses fatores podem coexistir e aumentar muito o risco de feridas infectadas.
Como perceber os primeiros sinais?
Fique atento a sinais muitas vezes discretos:
- Diminuição da sensibilidade (pisa num objeto e não sente dor)
- Formigueiro, dormência ou sensação de queimação
- Pele seca, rachada ou com calos
- Feridas sem dor (muito perigoso)
- Perda de pelos nos pés (sinal de má circulação)
- Dor na panturrilha ao caminhar curtas distâncias (claudicação intermitente)
- Dor noturna que melhora com o pé pendente
Lembre-se: a ausência de dor não significa ausência de problema.
Se aparecer uma ferida: o que fazer já
Passos imediatos:
- Pare e lave o pé com água morna e sabão neutro.
- Seque cuidadosamente, especialmente entre os dedos.
- Proteja a ferida com gaze limpa ou curativo simples.
- Não se automedique; não aplique pomadas ou comprimidos sem orientação.
- Procure o seu médico/clínica o quanto antes.
Não corte nem manipule a ferida sozinho — isso pode agravar a infecção.
Quando a ferida está infectada: sinais que não pode ignorar
Procure atendimento urgente se houver:
- Vermelhidão intensa, calor ou inchaço ao redor da ferida
- Saída de pus ou mau cheiro
- Febre ou mal-estar geral
- Dor intensa (quando ainda há sensibilidade)
- Mudança rápida na cor do pé
Em casos graves pode ser necessária hospitalização, antibióticos intravenosos, limpeza cirúrgica (desbridamento) e, em situações extremas, amputação. A maioria dos casos é evitável com diagnóstico e tratamento precoces.
Prevenção: o que pode fazer todos os dias
Pequenos hábitos reduzem muito o risco:
- Controle rigoroso da glicemia.
- Exames regulares com o médico, mesmo sem dor.
- Inspeção diária dos pés (sola, entre os dedos e calcanhar).
- Lavar os pés diariamente com água morna e sabão neutro.
- Secar bem, especialmente entre os dedos.
- Hidratar a pele (evitar entre os dedos).
- Cortar unhas em linha reta; não cavar cantos.
- Evitar andar descalço, mesmo dentro de casa.
- Usar calçado adequado e meias limpas.
- Não aquecer os pés diretamente com fontes de calor.
- Parar de fumar — o tabaco piora a circulação.
Peça ajuda para inspecionar os pés se tiver dificuldade visual ou mobilidade reduzida.
Cuidados diários detalhados
Rotina simples:
- Ao acordar: lavar e inspecionar os pés (feridas, bolhas, calos, unhas).
- Ao deitar: nova inspeção; aplicar creme em áreas secas (não entre os dedos).
- Limpeza com água morna, nunca quente.
- Secar por pressão com toalha macia, sem esfregar.
- Trocar curativos diariamente ou quando sujos.
- Seguir orientações de gesso, órtese ou imobilização se prescritas.
Se algo parecer anormal, consulte o médico sem demora.
Sapatos e meias: como escolher
Calçado inadequado é causa comum de feridas. Procure:
O que procurar em um sapato
- Ajuste amplo, sem apertar
- Bico arredondado
- Solado firme e antiderrapante
- Material que respire
- Palmilha acolchoada para distribuir pressão
O que evitar
- Saltos altos, sapatos estreitos ou pontiagudos
- Costuras internas rígidas
- Chinelo e andar descalço
Meias ideais
- Sem costura interna
- Tecidos que absorvem suor (algodão ou fibras técnicas)
- Sem elástico apertado no topo
Tabela comparativa
Item | Ideal | Evitar |
---|---|---|
Bico | Arredondado | Pontiagudo |
Ajuste | Folga na frente | Aperto nos dedos |
Palmilha | Acolchoada | Rígida, sem amortecimento |
Meias | Sem costura, elástico suave | Costura grossa, elástico forte |
Uso | Sapato fechado e firme | Chinelo e andar descalço |
Se precisar, fale com podólogo ou ortopedista para sapatos adaptados.
Tratamentos: o que o médico pode fazer
O tratamento depende da causa (neuropatia, doença arterial, infecção):
- Tratamento local: limpeza, curativos e medidas para cicatrização.
- Medicamentos: antibióticos para infecção; analgésicos conforme necessário.
- Alívio de pressão: gessos, órteses ou sapatos especiais.
- Intervenções vasculares quando há má circulação:
- Angioplastia (dilatação com balão)
- Implante de stent
- Bypass (desvio arterial)
- Desbridamento: remoção de tecido morto.
- Amputação: último recurso para salvar vida ou evitar disseminação da infeção.
Cada caso é único; o tratamento deve ser guiado por profissionais.
Quando procurar um médico com urgência
Vá ao serviço de emergência se tiver:
- Ferida que aumenta ou não melhora em poucos dias
- Pus, vermelhidão, mau cheiro ou febre
- Mudança rápida na cor do pé
- Perda súbita de sensibilidade ou movimento
- Dor intensa que não cede
A rapidez pode ser decisiva para salvar o membro.
O papel do cirurgião vascular
O cirurgião vascular avalia a circulação e decide por exames e intervenções (ecodoppler, angiografia, angioplastia, stent, bypass). Se tiver ferida crónica ou sinais de má circulação, peça encaminhamento. No Porto, por exemplo, a Drª Joana Ferreira é especialista nessa área.
Mitos e verdades
- Mito: “Se não dói, não é grave.” — Falso. A ausência de dor pode esconder feridas graves.
- Mito: “Só pessoas idosas têm pé diabético.” — Falso. Qualquer pessoa com diabetes pode ter.
- Verdade: “Controle da glicemia reduz risco.” — Sim.
- Verdade: “Calçado errado causa feridas.” — Sim.
O pé diabético tem cura?
Depende:
- As causas (neuropatia, doença arterial) são muitas vezes crónicas e não voltam totalmente ao normal.
- As feridas e infecções agudas podem ser tratadas e cicatrizadas.
- O objetivo é controlar e prevenir danos maiores. Com bom controlo da diabetes e cuidados diários é possível evitar complicações graves.
Plano de ação rápido — checklist diário
- [ ] Lavar e secar os pés
- [ ] Inspecionar sola, dedos e calcanhar
- [ ] Ver cortes, bolhas, calos ou vermelhidão
- [ ] Trocar meias sujas
- [ ] Usar sapato confortável
- [ ] Verificar dor ao caminhar
- [ ] Controlar glicemia conforme orientação médica
Se algo estiver errado, marque consulta.
O que evitar fazer se tiver uma ferida
- Não cortar nem remover tecido por conta própria
- Não usar remédios caseiros sem orientação
- Não aplicar álcool ou peróxido diretamente sem prescrição
- Não ignorar sinais de infeção
Atitudes erradas podem agravar e levar a complicações sérias.
Perguntas frequentes
- Posso cortar as unhas sozinho?
Sim, com cuidado: em linha reta e sem cortar os cantos. Se tiver visão reduzida ou perda de sensibilidade, procure um profissional.
- Quando preciso de um podólogo?
Em caso de calos, unhas encravadas ou dificuldade em cortar as unhas. O podólogo ajuda a prevenir feridas.
- A amputação é sempre necessária?
Não. É a última opção. A maioria dos casos resolve-se com tratamento precoce e intervenção vascular quando indicada.
- Posso usar cremes entre os dedos?
Evite. O excesso de humidade entre os dedos favorece fungos. Aplique creme apenas nas áreas secas, não entre os dedos.
Conclusão
Cuide dos seus pés como cuida do resto do corpo. O pé diabético pode começar silencioso; por isso, inspecione diariamente e controle a glicemia com rigor. Use sapatos e meias adequados e adote hábitos simples que salvam membros.
Se surgir uma ferida, lave, proteja e não se automedique. Procure o médico sem demora. Se houver sinais de má circulação, peça encaminhamento para Cirurgia Vascular — a rapidez faz a diferença.
A prevenção é a sua melhor defesa. Fazendo o básico todos os dias você evita problemas grandes amanhã. Quer aprofundar? Leia mais artigos em https://jornalsaudebemestar.com.br.